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terça-feira, 18 de novembro de 2008

A s aparências enganam

Num orfanato, igual a tantos outros que enxameiam por toda parte, havia uma pobre órfã, de oito anos de idade. Era uma criança lamentavelmente sem encantos, de maneiras desagradáveis, evitada pelas outras, e francamente malquista pelos professores. Por essa razão, a pobrezinha vivia no maior isolamento. Ninguém para brincar, ninguém para conversar... Sem carinho, sem afeto, sem esperança... Sua única companheira era a solidão. O diretor do orfanato aguardava ansioso uma desculpa legítima para livrar-se dela. E um dia apresentou-se, aparentemente, uma boa desculpa. A companheira de quarto da menina informou que ela estava mantendo correspondência com alguém de fora do orfanato, o que era terminantemente proibido. - Agora mesmo, disse a informante, ela escondeu um papel numa árvore. O diretor e seu assistente mal puderam esconder a satisfação que a denúncia lhes causara. Vamos tirar isso a limpo agora mesmo, disse o superior. E, somando-se ao assistente, pediu para que a testemunha do delito os acompanhasse a fim de lhes mostrar a prova do crime. Dirigiram-se os três, a passos rápidos, em direção à árvore na qual estava colocada a mensagem. De fato, lá estava um papel delicadamente colocado entre os ramos. O diretor desdobrou, ansioso, o bilhete, esperando encontrar ali a prova de que necessitava para livrar-se daquela criança tão desagradável aos seus olhos. Todavia, para seu desapontamento e remorso, no pedaço de papel um tanto amassado, pôde ler a seguinte mensagem: "A qualquer pessoa que encontrar este papel: eu gosto de você." Os três investigadores ficaram tão decepcionados quanto surpresos com o que leram. Decepcionados porque perderam a oportunidade de livrar-se da menina indesejável, e surpresos porque perceberam que ela era menos má do que eles próprios. ...................................... Quantos de nós costumamos julgar as pessoas pelas aparências, embora saibamos que estas são enganadoras. E o pior é que, se as aparências não nos agradam, marcamos a pessoa e nos prevenimos contra ela e suas atitudes. Uma antiga e sábia oração dos índios Siuox, roga a Deus o auxílio para nunca julgar o próximo antes de ter andado sete dias com as suas sandálias. Isto quer dizer que, antes de criticar, julgar e condenar uma pessoa, devemos nos colocar no seu lugar e entender os seus sentimentos mais profundos. Aqueles que talvez ela queira esconder de si mesma, para proteger-se dos sofrimentos que a sua lembrança lhe causaria.

Autor:
História extraída da revista Seleções do Rider’s Digest, de maio/1945

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