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terça-feira, 30 de junho de 2009

Uma lenda envolta,em mistério,dentro de um enigma

A música popular deu origem a três ídolos incontestáveis no sécula passado.Frank Sinatra foi...Frank Sinatra.Elvis Presley foi a cintura e o topete do rock.Michael Jackson,o terceiro,inventou a música pop _ e não há exagero nessa afirmação.Ele derrubou uma das últimas barreiras que restavam entre brancos e negros nos Estados Unidos,desde o movimento dos direitos civis nos anos 60.Em vez de música para brancos e música para negros,agora havia sua fusão revolucionária de duas tradições.Jackson elevou formas de dança das ruas à categoria de arte.Assombrou com seu estilo extravagante de se vestir,que definia,afinal,o que é um ícone pop:alguém que vive em um mundo em que as únicas regras a seguir são as próprias regras.Vendeu 750 milhões de discos,100 milhões deles de Triller,o àlbum d emaior sucessos da história da discografia mundial.Na quinta-feira passada,Michael Jackson morreu,aos 50 anos,depois que seu médico e os paramédicos de Los Angeles falharam em ressuscitá-lo de uma parada cardíaca.Estava longe dos palcos havia anos.Era visto como a personificação das deformações que a fama é capaz de imprimir,até mesmo fisicamente,em que vive dela.Numa paráfrase da frase célebre de Winston Churchill,Jackson continuará sendo uma lenda envolta em mistério,dentro de um enigma.No momento de sua morte,contudo,voltou a ser o que foi na maior parte da vida:um ícone.

O cantor foi socorrido na mansão alugada onde vivia em Los Angeles por voltas das 12h20 da quinta-feira.Jackson havia recebido os primeiros cuidados de seu médico particular, Conrad Murray (figura que logo se tornou uma incógnita:ele teve seu carro apreendido pela polícia,que queria interrogá-lo mas não o encontrava:em seguida,veio à tona que onze dias atrás o médico havia anunciado seu desligamento da profissão).Paramédicos o encontraram sem respiração e sem pulso.Levaram-no,em estado de coma,para o hospital da Universidade da Califórnia,a poucas quadras.Mal haviam chegado e a notícia de sua morte iminente _ finalmente declarada às 14h26 _já causava emoção global.

A causa exata da morte só deverá ser conhecida em quatro a seis semanas,quando serão divulgados os resultados de sua autópsia.Mas informações vindas d eparentes e amigos do cantor sugerem que Jackson vinha abusando de analgésicos potentes.Segunto aventou na sexta-feira o canal de fofocas TMZ,entre eles estaria o demerol,um opiáceo sintético de ação similar à da morfina.Jackson teria tomado uma injeção poucas horas antes da parada cardíaca.Na classe dos opiáceos,só a heroína causa mais dependência que a meperídina,como é chamada o princípio ativo do demerol.Nas primeiras doses,o efeito dura de seis a oito horas."Se ele for consumido todos os dias,bastam duas semanas para o efeito do medicamento durar a metade disso",diz Irimar de Paula Posso,anestesiologista do Hospital das Clínicas de São Paulo.A parada respiratória ocorre porque o medicamento diminui a sensibilidade das células do sistema nervoso central que regulam a respiração _ a qual vai diminuindo,até causar sonolência.A falta de oxigênio,então,pode culminar em colapso do coração.O cantor começou a usar remédios para a dor em meados dos anos 80.Desde então,teria se tornado dependente deles.Nos últimos tempos,Jackson os estaria tomando em razão de uma lesão numa vértebra e de dores nas pernas produzidas pelo excesso de ensaios:depois de vários anos sem fazer shows e da longa reclusão que se impôs desde que foi absolvido da acusação de abuso sexual de um garoto,em 2005.O cantor estava prestes a retornar ao palco.No próximo dia 13,daria início a uma temporada de cinquenta apresentações em Londres.

No início da década de 80,momento de explosão de Jackson,nem nos confins do planeta se encontraria um adolescente que não tivesse se arriscado a imitar o quase impossível moonwalk,a dança que ele inventou ao fundir a suavidade das passos de Fred Astaire à agressividade dos dançarinos de break,ou suas coreografias sensacionais,profundamente estilizadas _ como aquela mão na virilha que era,ao mesmo tempo,erótica e uma paródia do erotismo.Hoje,não se encontra em luga rnenhum artista pop que não dance no palco à maneira de Jackson:como uma declaração criativa que avança por territórios e sentidos aos quais a letra e a melodia não chegam.Mas essa foi apenas uma das revoluções de Jackson.

As imagens de Triller,catorze minutos que sempre pareciam curtos demais,cravaram o videoclipe como a forma essencial de veicular uma música e ajudaram a tornar a MTV uma força decisiva entre o público jovem.

Talento precoce- O cantor)em primeiro plano),com os pais e os irmãos nos tempos do Jackson Five:sucesso e traumas em família.
Os altos e baixos de Michael (em número de cópias vendidas)
-Ben-1972
Segundo disco do cantor,ficou marcado pela música-título _ a primeira de sua carreira-solo a alcançar o topo nas paradas americanas.
1 milhão de cópias
-Of The Wall-1979
É o momento em que ele se descola dos irmãos e da imagem de artista juvenil.Emsintonia com os tempos da discoteca,é um álbum adutlto e dançante.
20 milhões de cópias
-Truller-1982
É o auge de Michael.Com hits como Billie Jean e Beat it _além,claro da faixa título _ ,o álbum deu início à "Jacksonmania":todos queriam dançar e se vestir como ele.
100 milhões de cópias
-Bad-1987
Coincide com os primeiros sinais de plásticas e descoloração de pele.A partir de seu lançamento,as pessoas começam a prestar mais atenção no personagem Michael que em sua música.
30 milhões
-Dabgerous-1991
Apesar de saudado como "rei do pop",ele tem dificuldade em acompanhar as novas tendências da música negra.trazidas pelo rap e pelo hip hop.
32 milhões
-History:Past,presente and future -1995
A coletânea é uma tentativa desesperada do cantor de demonstrar que ainda tem alguma relevância musical.Imerso em esquisitices,manda espalhar estátuas suas pelos quatro cantos do mundo.
20 milhões
-Invincible-2001
Com custo de 30 milhões de dólares,foi o disco mais caro produzido até então.Levou seis anos para fica rpronto _e foi uma decepção.
10 milhões
Descontado Stevie Wonder,que lançou o primeiro disco aos 12 anos,mas cujo apelo nunca residiu no magnetismo ou na dança.Michael Jackson foi o primeiro grande ídolo mirim da música.Nascido em 29 de agosto de 1958 em Gary,no estado de Indiana,desde cedo ele mostrou talento para o canto e a dança.Seu pai,Joseph,que havia tentado a carreira num grupo de rhythm'n'blues,percebeu logo o talento de Michael,bem como de seus outros filhos.Transformou-os no Jackson Five,que ensaiava exaustivamente.Em 1968,o grupo foi contratado pela gravadora Motown,a referência mística da música negra.
Ao se lançar como artista-solo,em 1971,Jackson já havia aprendido muito sobre composição e produção musical.Teve a sagacidade de,pousco depois,aliar-se ao produtor Quincy Jones,que havia feito carreira no mundo do jazz.Eles colaboraram nos álbuns off the wall,Thriller e Bad.Jackson não era ainda o recluso das últimas décadas,mas um artista curioso e vivo.
Até 1996,aono em que foi ao Morro Dona Marta,no Rio de Janeiro,e ao Pelourinho,em Salvador,para gravar o clipe de They Don't Care about Us,Jackson ainda vivia no mundo real.Cada vez mais,porém,ia sendo dominado pelo lado obscuramente infantilizado de sua personalidade,que o levaria,a certa altura,a se isolar em sua bizarra propriedade de Neverland _ ou Terra do Nunca,em referência ao lugar em que vivia Peter Pan,o garoto que não queria crescer.
O avesso do avesso
Michael Jackson passou a infância trabalhando como um adulto.Aí, cresceu e dedicou a maior parte de seu tempo a agir como criança e a querer provar que isso era a coisa mais natural do mundo.
Em uma rara entrevista,dada à revista Time,Joseph Jackson,o pai de Michael,descreveu o filho mais famoso:Ele é muito tímido.Quer dizer,tímido diante de poucas pessoas.No palco,na frente d emilhares,ele se solta.O rapaz adora animais.Tem uma lhama,dois cervos,um carneiro,uma cobra,três papagaios,dois casais de cisnes,um negro e um branco,alguns pavões.É religioso (mais do que os irmãos) e vegetariano radical.Tem um carrinho de pipoca e uma ma´quina de fazer sorvete _ e sempre convida crianças para compartilhar com ele essas delícias".A certa altura,a mãe,Katherine,interrompe:"Falam que ele é gay.Michael não é gay.Isso iria contra a religião,contra Deus".A entrevista é de 1984,Michael Jackson tinha 25 anos,ainda morava com os pais.
Joseph e Katherine.Pai e mãe.Pobre Michael.A ambição dos pais não conhecia limites.Aos 6 anos,Michael se tornaria a maior estrela do grupo criado por eles.Acabava-se ali sua infância.Ensaiava o dia inteiro _ "As vezes, olhava para fora,via as crianças brincando e chorava" ,contou em enteevista à apresentadora Oprah Winfrey,em 1993.Se os meninos erravam um passo ou uma nota,o pai se enfurecia como um treinador de animais de circo.Lembrou Michael na enteevista a Oprah:"Ele partia pra cima da gente...Ficávamos muito nervosos nos ensaios por que ele ficava sentado numa cadeira,como cinto na mão,e se alguma coisa nçao saía direito ele vinha para cima,sem dó".De tão aterrorizado, "tinha vezes que ele chegava perto e eu vomitava".Jackson pai dizia que o filho prodígio era feio,criticava o rosto com espinhas e ria de seu nariz "enorme".Nos "muitos tristes" anos da puberdade,ele "chorava todos os dias".
O começo da carreira musical foi em boates e palcos de prostíbulos de Indiana.Em um deles,forçado pelos irmãos mais velhos,Michael perdeu a virgindade e ganhou mais um trauma para carregar vida afora.O pai dominador,a mãe muito religiosa mas indiferente aos maus-tratos,a fama,o isolamento,a fragilidade emocional,o abismo entre sua carreira e a dos irmãos (e irmãs _ as três, Rebbie,Janet e Latoya,também se viabilizaram como cantoras,mas no limite mínimo da mediocridade).tudo isso moldou a personalidade de Michael Jackson.Seu caso se encaixa como exemplo acabado dos manuais básicos de psicologia,em especial nos capítulos sobre os efeitos na personalidade da infância perdida e da busca torturante pela perfeição.
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Em 1993, quando um esforço para reaquecer a carreira parecia estar dando certo,os pais de Jordan Chandler, 13 anos e hóspede frequente de Neverland,abriram um processo contra Jackson por abuso sexual do filho. "Não posso acreditar que isso esteja acontecendo comigo", lamuriou-se,com um fio de voz.Por 20 milhões de dólares,retiraram a acausação e sumiram,mas a reputação de Jackson desmoronou.Apressadamente,casou-se,para surpresa geral,com Lisa Marie Presley,a filha de Elvis.Divorciou-se dois anos depois e se casou de novo,com Debbie Rowe,uma enfermeira sem graça que ele conheceu no consultório do seu dermatologista.Debbie era boa de copo e gostava de motocicletas.Ela lhe deu dois filhos,Prince Michael I,hoje com 12 anos,e a menina Paris, 11. Separaram-se sem explicações e,no processo,ela abdicou da guarda das crianças.Quatro anos depois nasceria,de mãe não revelada,o terceiro filho, Prince Michael II, apelido Blanket ("cobertor",em inglês).
Pai solteiro de três crianças pequenas,cada vez mais excêntrico,Michael Jackson,no começo dos anos 90,já tinha uma longa história de abuso de remédios controlados.O problema pode ter começado em 1984,quando se queimou gravemente em um acidente ocorrido durante a gravação de um comercial.O forte analgésico Demerol,uma das drogas suspeitas de tê-lo matado na semana passada,foi então acrescentado ao coquetel diário que incluía tranquilizantes e antidepressivos.Em 2002,na cena mais marcante de seu desiquilíbrio,diante de fotógrafos e cinegrafistas, balançou seu bebê Blanket (de cabeça coberta) do lado de fora da sacada de um hotel em Berlim.Desculpou-se depois, mas afirmou: "Ele se divertiu".Enquanto todo mundo se espantava,foi à TV tentar provar que era o pai mais amoroso do mundo das três crianças brancas que jurava serem seus descendentes. "Para Blanket,usei uma mãe de aluguel e meu próprio esperma. Também meus outros dois filhos são do meu esperma.São todos meus filhos",declarou ao inglês Martin Bashir em 2003.Nessa mesma e célebre entrevista,confessou que sim,dormia com garotos na mesma cama. Inocentissimamente.E recomendou: "É o que todo mundo devia fazer",À entrevista se seguiu seu pior momento:uma segunda denúncia de abusos exual,desta vez contra Gavin Arvizo,13 anos,que foi repetidamente convidado a Neverland quando se tratava de um câncer.
Dessa vez houve prisão,depoimento,julgamento público e humilhações várias,até Michael Jackson ser inocentado de todas as dez acusações.Estava,porém,acabado _ e quebrado. Nos anos em que não trabalhou, envolveu-se em projetos mirabolantes e gastou sem parar,compulsivamente(Bashir o viu torrar 6 milhões de dólares em uma única tarde em antiquários).O cantor multimilionário,dono dos direitos de 250 canções dos Beatles, acumulou uma dívida avaliada em 500 milhões de dólares.Não quis voltar para Neverland (até por não conseguir pagar a conta de manutenção da propriedade) e instalou-se,com os filhos,em altíssimo estilo,em Barein,à custa do filho do rei,o xeque,que compões,concordou em sustentar Michael se ele gravasse suas músicas.Quando Michael se recusou,pôes ele e a família para fora e se juntou ao movimento clube de pessoas que processavam o cantor.As ações e a falta de dinheiro prenunciavam uma velhice atormentada.Michael Jackson escapou de mais esse pesadelo pelo sono eterno.


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