Não podia deixar de falar desse ator que foi sem dúvida alguma um dos melhores
atores do Brasil, ficou conhecido como o 'Senhor dos palcos'.
Com 60 anos de profissão, Autran estreou em 2006 sua 90ºpeça, "O Avarento",
de Molière que ficou em cartaz até meados de 2007.Este ano, ele ainda pôde comemorar
a notícia de que o longa-metragem "O ano em que meus pais saíram de férias"(2006),
em que atuou foi escolhido para representar o Brasil no Oscar.
Paulo Autran mudou-se cedo para São Paulo, onde passou a maior parte de sua vida. Estudou Direito na capital paulista por influência do pai - que era delegado de polícia - e formou-se na Faculdade de Direito do Largo São Francisco em 1945, inicialmente pensando em ser diplomata.
Desapontado com a profissão de advogado, participou de algumas peças teatrais amadoras, tendo sido convidado a estrear profissionalmente com a peça Um Deus dormiu lá em casa, com direção de Adolfo Celi, no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). No começo relutou, afirmando não ser ator profissional. Entretanto, após receber o incentivo de sua amiga Tônia Carrero, atriz brasileira, aceitou o desafio. A peça, que estreou para o grande público no dia 13 de dezembro de 1949, tornou-se um grande sucesso, rendendo inclusive alguns prêmios para o jovem ator.
Após seu primeiro êxito comercial, Autran resolveu largar a advocacia e passou a se dedicar exclusivamente à carreira artística, dando prioridade ao teatro, sua grande paixão. Chegou a atuar em alguns filmes e telenovelas, mas é no palco que desenvolve sua arte e se tornou conhecido, vindo a receber a alcunha de "O Senhor dos Palcos". No entanto, será sempre lembrado por suas memoráveis atuações na TV e no cinema. Em especial, por sua participação em Terra em Transe, clássico de Glauber Rocha.
Na televisão uma de suas cenas mais lembradas é de sua interpretação na novela Guerra dos Sexos que contracenava com Fernanda Montenegro.
Durante sua carreira, estabeleceu importantes parcerias. Entre elas, com diretores como Adolfo Celi, Zbigniew Ziembiński e Flávio Rangel; e atrizes, como Tônia Carrero e Karin Rodrigues.
No último ano antes de sua morte ele havia passado por diversas internações, por conta de um câncer de pulmão. O tratamento (com rádio e quimioterapia) não o impediu de seguir atuando em "O Avarento" - e nem de seguir fumando, até quatro maços de cigarro por dia [2].
Faleceu aos 85 anos na tarde do dia 12 de outubro de 2007, depois de sofrer enfisema pulmonar e complicações do câncer de pulmão que tratava.
A viúva Karen Rodrigues falou que Autran queria passar a mensagem para todos
os fumantes pararem de fumar, que ele tentou mas não conseguiu...
Veja declarações da morte de Paulo Autran:
Alberto Guzik, escritor
"Foi a perda de um ator que foi referência para a minha geração. Foi um exemplo de combatividade, de busca por um desafio sempre. Ele definitivamente tem um espaço no teatro brasileiro. Quando eu fiz a biografia do Paulo, ele mostrou o limite entre o público e o privado, mas sempre de forma gentil e educada. Foi um exemplo para uma época em que toda a intimidade acaba na capa de uma revista."
* Guzik é autor de "Paulo Autran: um homem no palco"
Cao Hamburger, diretor
"O Paulo Autran é um ícone da dramaturgia brasileira. Filmei um dia com ele, algumas horas e foi de uma objetividade, uma rapidez incrível. Ele era um pessoa muito doce, disposta."
* Hamburger dirigiu "O ano em que meus pais saíram de férias" (2006), em que Autran atuou
Celso Frateschi, ator e presidente da Funarte
“É uma perda inimaginável. O Paulo foi a pessoa que tirou a gente da marginalidade e nos colocou entre as principais profissões do país. Ele dignificou a profissão. Hoje em dia, quando se fala em teatro, se liga a Paulo Autran. Quando se fala de Paulo Autran, se liga a teatro. Foi uma honra ter uma pessoa como ele na profissão.”
Chico Anysio, ator
"Paulo Autan é muito especial. A ausência dele é lacuna muito grande, muito difícil de ser preenchida."
Denise Fraga, atriz
"Para nós artistas, hoje é mais um Dionísio no céu. Mais um anjo que vai toda a noite proteger nossos palcos. Quando der o nosso terceiro sinal, a gente vai estar sempre pensando nele. Ele é um homem que ensinou a todos nós."
Edson Celulari, ator
"Paulo Autran foi, sem dúvida, o maior ator brasileiro. Um repertório realizado por ele que acho que nenhum de nós vai conseguir. Um grande ator, um homem comprometido com a arte, com o teatro. Referência não só para minha geração, mas para outras gerações."
Felipe Hirsch, diretor
"Ele deixa a história mais bonita de amor pelo teatro." * Hirsch dirigiu "O avarento", última peça em que Autran atuou
Glória Perez, autora
“Paulo foi um ator que deixava sua marca. Foi uma beleza trabalhar com ele, conversávamos muito. ‘Hilda furacão’ foi uma das poucas coisas que ele fez na TV nos últimos anos, e eu escrevia para ele com muita paixão. Porque ele é apaixonante. Será sempre referência aos que virão.”
* Glória Perez adaptou para a TV "Hilda Furacão" (1998), minissérie em que Autran atuou
João Falcão, diretor
“O que posso dizer de Paulo Autran que não seja chover no molhado? Ele era o nosso Laurence Olivier. Ele se confunde com a história do teatro brasileiro. Planejávamos trabalhar juntos, mas quando eu podia, ele não, e vice-versa. O que apareceu primeiro foi o filme, e acabamos não fazendo nenhuma peça.”
* Falcão dirigiu "A máquina" (2005), filme em que Autran atuou
Juca de Oliveira, ator
"É uma enome tristeza e seria importante que as próximas gerações buscassem trilhar o caminho de Autran como cidadão, ator e intelectual."
Lolita Rodrigues, atriz
"Eu sempre fui fã do Paulo. Nos anos 60, ele foi chamado para fazer 'Em busca da felicidade' comigo. Me mandou uma cartinha declinando, mas garantiu que ainda trabalharíamos juntos. E realmente aconteceu isso em 1987, com 'Sassaricando'. A morte dele é uma perda inestimável."
* Lolita atuou com Autran na novela "Sassaricando" (1987)
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República
"Recebemos com imensa tristeza a perda do nosso grande ator Paulo Autran. Ele nos deu o privilégio de apreciar o seu talento em momentos inesquecíveis do teatro, do cinema e da televisão. Paulo Autran engrandeceu a dramaturgia e o Brasil com suas interpretações, que fizeram rir, chorar e refletir. Atuou até seus últimos dias e deixará um vazio que muito sentiremos na cena brasileira. Temos certeza que, de alguma forma, ele estará presente como exemplo de talento da arte dramática para os atores mais jovens".
Marcos Caruso, ator
"Ele abraçou todo leque de opções que a profissão permite abraçar, desde tragédia ao drama, do musical à comédia. Acima de tudo um ser humano que ria de si próprio."
Miguel Falabella, ator e diretor
"Paulo Autran é um profissional que amou de tal maneira o teatro, que seu nome será ligado para sempre à sua razão de vida, que foi o teatro."
* Falabella dirigiu a novela "Sassaricando" (1987), em que Autran atuou
Paulo Goulart, ator
"Hoje é dia do sempre. Paulo Autran ficará para sempre na história do teatro brasileiro."
Sérgio Britto, ator e diretor
"Sossego total, ele precisa descansar, trabalhou muito. Pelo menos 60 anos."
Sérgio Mamberti, ator e secretário de Identidade e Diversidade do Ministério da Cultura
"Falar do Paulo é falar de uma coisa maior. Pude acompanhar ele em Santos e o Paulo Autran me incentivou a seguir na carreira. Se alguém no Brasil pode receber o nome de representante do teatro, é ele e sempre será ele. Ele ia da comédia ao drama com grande facilidade. Dizia a poesia muito bem. Enfim, um homem completo, carinhoso, que ajudou muita gente, até discretamente. A morte do Paulo consubstancia a presença permanente dele na cultura brasileira." * Mamberti falou em nome do ministro Gilberto Gil, que se recupera de uma operação nas cordas vocais
Walmor Chagas, ator
"Foi um grande ator, uma perda inestimável, um ator modelo."
* Chagas atuou com Autran em "Terra em transe" (1967)
Marcos Caruso, ator
"A lembrança que guardo dele é a de ter feito a primeira peça da minha vida. Em 1962, eu tinha 10 anos, quando assisti a May Fair Lady. Minha avó me contou que no fim do espetáculo eu disse: é aquilo que eu quero ser. Então, de certa forma, ele contribuiu para eu ser um ator."
Serginho Groisman, apresentador de TV
"Ele tinha a competência de fazer as escolhas certas, isso não é muito fácil. Fez TV apenas quando quis e nunca abandonou o teatro. Ele tinha aquela energia que parece que está no DNA, de trabalhar, de interpretar incansavelmente."
Fernanda Montenegro, atriz
"Estamos aqui para pranteá-lo. É um pouco de nós que vai também, quando a gente vê o Guarnieri, o Raul Cortez e agora o Paulo (Autran) nos deixando. Fico falando, repetindo coisas, mas ele não tem substituição. Infelizmente, nunca fiz teatro ao lado dele. E fiz uma novela (Guerra dos Sexos). Na verdade, fizemos um jogo teatral. Essa é a grande lembrança que vai ficar, ninguém esquece a cena das tortas todas".
Jô Soares, apresentador de TV
"Não tem o que falar. Só consigo falar lugares comuns. É uma tristeza, uma falta muito grande."
Bibi Ferreira, atriz
"Mesmo com 85 anos, ele estava no auge de sua carreira, lotando o teatro diariamente. Na vida toda, nunca cedeu. Tive a honra de trabalhar com ele durante três anos nos anos 60. Ele nunca cedeu, ele era um herói."
Deixo o vídeo desta cena que fez e até hj faz muito sucesso no Brasil e até em outros países:
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